sábado, 28 de novembro de 2009

Como são constituídas as trajetórias escolares e a relação com a diversidade

Eu, enquanto professora da EJA da rede municipal de Florianópolis fui tentando vincular como percebi na minha trajetória escolar as relações sociais, étnicas/raciais e de grupo. A maior parte do ensino básico concluí em escolas estaduais no RS nas déc. de 1980-90.Lembro que na pré-escola a professora enfatizava muito entre os alunos que "não se bate em mulher nem com pétalas de flores". Isso me marcou bastante. Não tinha discernimento sobre violência doméstica, mas sei que naqueles anos não haviam delegacias especializadas em atendimento à mulher na região. Nesse sentido, acho que esta professora fazia a parte que lhe cabia. Através da educação alertava para um problema social grave.Não consigo lembrar se tive professores negros. Acho que não. A escola mesmo sendo pública agregava poucos alunos negros. Uma lástima que demostra que mesmo no ensino público as classes populares não são (ou não eram) incluídas no seu direito a educação.Hoje noto que muitos dos alunos da Educação de Jovens e Adultos são descendentes afro-brasileiros. Lendo alguns depoimentos destes através dos memoriais é perceptível trajetórias escolares marcadas por reprovações, humilhações, violências, desagregação familiar. O resgate "destes tantos" excluídos do ensino ainda se faz de maneira "tímida", pois tais sujeitos que chegam na EJA ainda são minoria frente a tantos que ainda estão a margem.Quanto a questão índio lembro que na minha trajetória escolar os livros didáticos eram bem romanceados no sentido de mostrar o índio como o "herói", aquele integrado a selva. Um mito. A realidade contradiz a teoria. O índio (os que sobreviveram ao massacre do homem europeu) estão espalhados pelo país. Muitos "urbanizados", empobrecidos, ambulantes. E por vezes tenho o desprazer de ouvir comentários do tipo "Coitadinhos!", "Eles só esmolam, deviam trabalhar". Comentários advindos de pessoas sem nenhuma sensibilidade social e histórica. São aqueles engolidos pelo discurso que o homem branco é exemplo e seu modo de vida é o que deve ser seguido. O que ignora totalmente a diversidade linguística, social e cultural. Uma violência.Além disso, lembro que a universidade muitas vezes não incluiu no currículo a contextualização e a necessidade da educação de jovens e adultos na atualidade. Ou disciplinas sobre educação especial/inclusiva/diversidade social. O que é um choque com a realidade educacional na prática pedagógica.Vale a pena refletir sobre como são tecidas as nossas próprias trajetórias escolares e como foi a relação com as diversidades. Você já pensou sobre isso?

domingo, 27 de setembro de 2009

A importância da Literatura na disciplina de Português

por Andressa da Costa Farias

Creio que o maior desafio da Educação é estimular os alunos a serem também produtores do seu próprio conhecimento e não meros receptores passivos de “matérias escolares”. Neste sentido, a disciplina de Português aliou-se a literatura para estimular a análise crítica e a produção textual a partir da leitura/releitura de contos. Além disso, os alunos tiveram contado com um dos maiores clássicos da Literatura Brasileira-Machado de Assis através dos textos “Conto de Escola” e “Umas Férias”.
No 6º ano a maioria dos alunos manifestou conhecer ao menos algum conto de fadas. Afinal, como crianças certamente já tiveram contato com os inúmeros contos existentes. Estão no imaginário infantil: "Branca de Neve", "A bela adormecida", "Cinderela", "João e Maria", "Aladim". Etc. Todos foram convidados a “reler” os contos de fadas e compartilhar a leitura com os demais colegas. Logo, como dinâmica para observar a criatividade e o desenvolvimento da linguagem escrita dos alunos foi escolhido o conto “João e Maria”- As crianças pobres que são “abandonadas” na mata por sugestão da madrasta e que conseguem derrotar a bruxa e reencontrar o caminho de casa levando riquezas para o pai. Este conto aparece na íntegra no material adotado pela Escola Cristã de Florianópolis - Sistema Integral de Ensino, disciplina de Português. Os alunos foram desafiados a “recontar” a história adaptando para o contexto dos dias atuais. Saíram textos surpreendentes, criativos e coerentes. Tais produções podem ser acessadas através do blog.: http://www.turma06ccf.blogspot.com/. Porém, o 6º ano fez a leitura e a representação teatral do “Conto de Escola” de Machado de Assis.

“(...) o chefe superior e incontestado da nossa literatura (...). Ninguém, como ele, afirmou na obra literária a sua individualidade e a nossa nacionalidade. (...) O seu campo de atividade foi a sociedade em que vivemos. (...)”
In.: Senna(2008, pg.36).

Proporcionar aos alunos este “primeiro contato” com Machado de Assis é de fundamental importância visto a relevância do mesmo e a genialidade de sua escrita. Por isso decidi começar estimulando os alunos a lerem os “contos”. O 7º e 8º ano foi convidado a reescrever o conto “Umas Férias” adaptando também para os dias atuais. As produções podem ser acessadas através dos blogs.: http://www.turma07ccf.blogspot.com/ e http://www.turma08ccf.blogspot.com/.
Outra novidade adotada neste 3º bimestre foi o uso do Diário. O principal objetivo é analisar a escrita autônoma do aluno, a capacidade de distanciamento crítico da sua realidade, além de verificar a ortografia e o uso gramatical das sentenças produzidas. O livro base adotado para tal foi “Caderno de Segredos” de Bruno Albergaria. Sempre antes da prática da escrita no diário o aluno tem que ouvir um trecho deste livro. Objetiva-se com esta prática estimular a atenção e o “saber ouvir” como critério de reflexão.
Para o bimestre final de 2009 objetiva-se trabalhar os livros paradidáticos. Como professora de Português acredito que a leitura é de fundamental importância na formação crítica do aluno como sujeito autônomo e cidadão. Eis então a importância do tempo dedicado à Literatura na Disciplina de Português no Colégio Cristão de Florianópolis.

Bibliografia base para este artigo.:
ALBERGARIA, Lino de. Caderno de Segredos. Ed. Saraiva. São Paulo: 1995.
ASSIS, Machado de. Conto de escola e outras histórias curtas. Câmara dos Deputados. 2º Ed. Brasília: 2008.
SENNA, Marta de. O olhar oblíquo do bruxo: ensaios machadianos. Língua Geral. Rio de Janeiro: 2008.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ensino a distância: a aplicação da informática na Educação

por Andressa da Costa Farias

Abstract. The Computer Science in Education is constituted by the different possibilities of the application of teaching/learning in the distance modality. Therefore, to analyze scientifically the docent actuation and the use of teaching and learning virtual environment is very relevant in the context of a society in constant technology transformations. In this perspective, the present work aims at describing what the learning virtual environments are and what they are for and their importance in the distance teaching as well as the functioning of courses in this modality. To do so, it is used the methodology of bibliographical and webgraphical research as the principal means of academic reflection. The research of this theme is justified by the fact of the increasing of the computer science in education.
Resumo. A informática na educação engloba as possibilidades da aplicação do ensino na modalidade à distância. Logo, analisar cientificamente a atuação docente e o uso de ambientes virtuais de aprendizagem é extremamente relevante em contexto de uma sociedade em constantes transformações tecnológicas. Este trabalho tem como objetivo descrever o que é e para que servem os ambientes virtuais de aprendizagem e sua importância no ensino a distância bem como o trabalho docente no funcionamento de cursos em tal modalidade. Para tanto, usou-se de metodologia científica a investigação bibliográfica e web-gráfica como principal meio de reflexão acadêmica. Justifica-se a pesquisa deste tema ao fato de observar o crescimento da demanda docente que aplique a informática na educação.
1 INTRODUÇÃO
Há claramente impactos no modo de se pensar educação e na prática do ensino-aprendizagem quando constatamos que a sociedade está cada vez mais inserida em tramas tecnológicas. Esta constatação recorrente nos faz refletir sobre a educação em si em tempos cibernéticos.
As mídias em geral colocam a disposição todo tipo de informação em tempo real através da Internet. Seja através dos aparelhos eletrônicos domésticos ou corporativos ou pela facilidade de comunicação digital.
Vivemos uma época de velocidades onde se pode diminuir o espaço ou as distâncias e subordina-los ao tempo. Uma época de fibra ótica, do satélite, do culto a imagem, da realidade virtual.
Silva (2001) faz uma análise crítica a respeito da educação com relação a inércia do saber, do estatuto do saber e constata que há carência de modelos educacionais. Pois a instituição “Escola” não representa mais o monopólio da “transmissão” do conhecimento e da informação.
O autor revela o descompasso entre a noção de verdade moderna e as formas de conhecimento que as novas tecnologias engendraram na sociedade. Pois, ainda segundo Silva (2001), com as novas tecnologias o lugar do saber se descentraliza e se expande. O conhecimento, desta maneira, está em todo o lugar e em nenhum lugar.
Belloni (1992) ressalta que o uso das NTCI (Novas Tecnologias Computação e Informação) na educação provoca uma reviravolta nas atitudes profissionais docentes. Enfatiza a necessidade de se educar para a Mídia. E acrescentaríamos de se educar na mídia, nas mídias computacionais e com as mídias.
A partir de tais exposições considerou-se importante pesquisar sobre de que maneira podem-se pensar os novos contextos educacionais que surgem com o advento do ensino a distância acoplado as novas tecnologias informáticas. Além de refletir sobre o papel do professor e a sua atuação docente frente a estas realidades.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 O ensino a distância no Brasil
A aprendizagem a distância geralmente é associada ao uso da internet e das ferramentas tecnológicas. Porém, inicialmente havia o ensino por correspondência (mais ou menos em 1904) os cursos eram voltados para o estudo em casa como cursos de caligrafia, bordado, corte e costura mecânica, entre outros.
No Brasil começa a operar a modalidade a distancia a partir de 1994 e 1996 pelas respectivas Universidades Federais do Mato Grosso e de Santa Catarina.
O início da modalidade “a distância” no ensino superior brasileiro ocorreu de maneira tardia com relação aos outros países do mundo e uma possível justificativa remete-se ao histórico de educação no país que também se inicia de forma lenta e atrasada.
Em 2006, o Ministério da Educação lança o edital do programa Universidade Aberta do Brasil com chamadas públicas para que universidades federais buscarem habilitação para ofertas de cursos superiores em parcerias com estados e municípios.
2.2Prática Docente e as Novas Tecnologias na Educação Brasileira
É notável a necessidade de docentes críticos e conscientes da possibilidade do uso a informática e das tecnologias comunicacionais na aplicação pedagógica na atualidade. Desta maneira, as novas tecnologias na educação brasileira perpassam o uso em si do computador e vão abarcar um caráter interdisciplinar e de conhecimento em rede proporcionado pelo uso da Internet, por - exemplo. Logo, a importância da análise e discussão da prática docente em contextos de ambientes virtuais de aprendizagem que se configuram na emergência do ensino a distância na Educação Brasileira atual.
Thurler in Perrenoud (2002) enfatiza que a partir de agora os professores tem que reinventar a si próprios enquanto pessoas e membros de uma profissão. Muitos experimentarão contextos profissionais totalmente novos, desafios intelectuais e educacionais bem diversos daqueles que estavam acostumados.
Perrenoud (2000) em seu livro “Novas competências para Ensinar” dedica um capítulo a ênfase de que uma nova competência para a docência é saber fazer uso das novas tecnologias.
Coloca no “centro do ofício do professor” fazer uso de ações bastantes práticas como utilizar editores de textos; explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino; comunicar-se a distância por meio da telemática e aplicar ferramentas multimídia no ensino.
No país, o ensino a distância cresce a cada ano. Na área da educação, a modalidade abrange curso de graduação, especialização, formação continuada, formação em serviço e educação de jovens e adultos. As maiores justificativas para esta demanda crescente nesta modalidade de ensino é expansão da oferta de trabalho exigindo qualificação e políticas públicas que visam o aumento do acesso à educação. Além disso, a modalidade EaD contribui para chegar a Educação principalmente aquelas populações que estão distantes dos grandes centros urbanos.
3. Ambientes de aprendizagem
Rodrigues (2005) (apud Goodyer (2001), define ambiente de aprendizagem como um conjunto complexo de estruturas encadeadas que fornecem o cenário (setting) físico para o trabalho de uma comunidade de aprendizes.
Este cenário pode incluir toda sorte de recursos de aprendizagem, que convencionamos chamar de hardware e software e também objetos de conhecimentos produzidos pelas interações dos membros nas comunidades de aprendizagem.
Há diversos exemplos de ambientes virtuais de aprendizagem, podemos citar: o Moodle, SOLAR, TelEduc, eProInfo, etc. Conforme Almeida (2003), ambientes virtuais de aprendizagem.
... são sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizadas, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritimo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma intencionalidade explíxita e um planejamento prévio denominado design educacional, o qual constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, sendo revisto e reelaborado continuamente no andamento da atividade.

São, em suma, softwares ou programas voltados ao sistema de ensino e aprendizagem que pode se realizar através da Internet como suportes. Facilitam o cotidiano dos educadores que trabalham através das faces virtuais, pois, possibilitam fácil manuseio no controle de aulas, discussões, apresentações, atividades educacionais, etc.
Dentre as instituições públicas, sobretudo universidades federais, um AVA que vem sendo utilizado é o Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment), ambiente de aprendizagem que foi desenvolvido pelo australiano Martin Dougiamas em 1999. Uma grande vantagem deste software é que foi desenvolvido a partir de uma plataforma de Software Livre, de maneira que pode ser baixado, instalado e modificado por qualquer pessoa no mundo. Está disponível no endereço eletrônico: http://www.moodle.org.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme salienta Hack (2006), é importante destacar que a modalidade educacional a distância não veio para substituir a presencial, mas sim existe como forma de complementá-la, pois cada forma possui características próprias e atende a públicos distintos.
Logo, voltamos então a enfatizar que nenhuma modalidade se impõe ou se sobrepõe a outra e que a partir da nossa investigação bibliográfica cada vez mais o ensino é uma mescla das duas modalidades: a distância e presencial.
Segundo Martins & Cruz (2008) a Educação a distância representa um cenário de inovações no campo educacional pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Deste modo é de relevante importância no Ensino a Distância a comunicação, interação e interatividade visto que a maior parte de comunicação entre os agentes envolvidos se dá através dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
Em relação à atuação docente consideramos que o perfil do professor para atuar no Ensino a distância requer uma série de novas habilidades além de sua área de conhecimento. Este profissional deve “dominar” os recursos de mídias e tecnologias e saber “adaptar” ao seu conhecimento didático. Pois, já que a sociedade está repleta de tecnologias há a necessidade de novos tipos de práticas pedagógicas. Neste sentido, alguns autores já mencionados consideram que o professor neste contexto tecnológico deve se “reinventar”, pois experimentarão contextos profissionais totalmente novos e desafios intelectuais diversos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. ELIZABETH B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem in Educação e Pesquisa. V.29 n.2. São Paulo, FE/USP, jul-dez 2003.
ALMEIDA, MARIA ELIZABETH DE. ProInfo. “Informática e formação de professores”. Volume 2. Série de Estudos Educação a Distância. Ministério da Educação. Brasília:2000.
ALMEIDA, MARIA ELIZABETH DE. ProInfo. “Informática e formação de professores”. Volume 1. Série de Estudos Educação a Distância. Ministério da Educação. Brasília:2000.
BELLONI, MARIA LUIZA. Educação a distância. Editora Autores Associados. 2º ed.Campinas-SP:2001.
BARRETO, RAQUEL GOULART. Formação de professores, tecnologias e linguagens. Edições Loyola. São Paulo:2002.
COUTINHO, LAURA MARIA. “Educação a Distância: Algumas considerações”. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. São Paulo:2003.
FARIA, MÔNICA ALVES DE. & SILVA, REGINA COELI DA SILVEIRA. EaD: o professor e a inovação tecnológica. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. São Paulo:2007.
FORMIGA, MARCOS. Educação à Distância no Brasil: O que está acontecendo nas empresas e escolas. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. São Paulo:2003.
FREIRE, PAULO. Saberes necessários à Prática Educativa. Paz E Terra. São Paulo:1996.
GROTTO, ELIANE MARIA BALCEVICZ & TERRAZZAN, EDUARDO ADOLFO. “Prática docente: concepções sobre o uso de ambientes educacionais baseados na Web. CINTED-UFRGS.V.1 Nº2, setembro,2003.
HACK, JOSIAS RICARDO. Capacitação docente para a educação a distãncia: uma experiência de formação para a miditização do conhecimento no ensino superior. Unirevista-Vol.1. nº 3. Julho 2006. UNOESC:SC.
LEMOS, ANDRÉ. CIBERCULTURA. Tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Sulina.Porto Alegre:2002.
LIBÂNIO, JOSÉ CARLOS. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 5º edição. Editora Cortez. São Paulo:2001.
MARTINS, ALINE SANTANA & CRUZ, DULCE MÁRCIA. A EAD nas licenciatura UFSC/UAB: um estudo comunicação e das interações na disciplina de Introdução a Educação a Distância. Contemporanea, vol.6 , nº2. Dez.2008.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA. REFERÊNCIAIS DE QUALIDADE PARA CURSOS A DISTÂNCIA.
PERRENOUD, PHILIPPE PERRENOUD. Novas competências para Ensinar. ArtMed Editora. Porto Alegre:2000.
PERROTTI, EDNA MARIA BARIAN & VIGNERON, JACQUES. Novas tecnologias no contexto educacional: reflexões e relato de experiências. São Bernardo do Campo:UMESP:2003.
REVISTA NOVA ESCOLA. Edição 168. Editora Abril. São Paulo: 2003. Pág.18 e 19.
RODRIGUEZ, MARIA ISABEL. Para tratar EaD com o devido respeito. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. São Paulo:2003.
RODRIGUEZ, ISABEL. Teoria X EaD X Tempo Velozes. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. São Paulo:2005.
SILVA, MOZART LINHARES DA. Novas tecnologias. Educação e sociedade na era da informação. Atêntica.Belo Horizonte:2001.
TORI, ROMERO. O Virtual que Marca Presença. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. São Paulo:2003.
THURLER, MÔNICA GATHER. O Desenvolvimento Profissional dos Professores: Novos Paradigmas, Novas Práticas. In: Perrenoud, Philippe & Thurler, Mônica Gather. As competências para Ensinar no Século XXI. A formação dos professores e o desafio da avaliação. ArtMed Editora. São Paulo:2002.
KENSKI, VANI MOREIRA. Das salas de aula aos ambientes virtuais de aprendizagem. FE/USP- SITE Educacional. São Paulo: 2005.

domingo, 16 de agosto de 2009

O blog e sua inserção nas Práticas Pedagógicas da EJA

por Andressa da Costa Farias
Introdução

Este texto é uma síntese de experiência didática a partir de Oficinas de Poesias realizadas durante o primeiro semestre de 2009 no Núcleo EJA-Continente onde o objetivo final de publicação foi o Blog do Curso (http://www.ejacontinente.blogspot.com/).
Tal experiência foi apresentada no Seminário de Socialização das Práticas Pedagógicas- “Fala Professor Eja” que ocorreu dia 21 de julho de 2009 no Auditório da Escola Superior de Turismo e Hotelaria –ASSESC em Florianópolis-SC. O EJA Continente está localizado na Escola Básica Municipal Almirante Carvalhal em Florianópolis-SC.


Fundamentação teórica

Segundo Almeida (2000) há duas grandes linhas conceituais e investigatórias quanto ao uso da informática na Educação. A primeira teve início com o próprio ensino de informática e computação e a segunda teve como maior objetivo o ensino de diferentes áreas do conhecimento por meio de computadores. Nesta última linha, os computadores são utilizados em diferentes níveis e modalidades segundo a tendência educacional adotada.
O desenvolvimento deste trabalho refere-se à segunda linha, segundo uma perspectiva instrucional ou construtivista. A partir desta abordagem os elementos básicos envolvidos na atividade foram as aulas onde o eixo principal abordou os elementos de uma Poesia, a produção textual dos alunos e por fim a publicação das poesias discentes no Blog do Curso EJA.
Toda produção textual tem uma finalidade e pressupõe um meio de publicação- leitores. Logo, o blog do EJA contribuiu para isso; ser um meio de publicação e uma forma de compartilhar os textos de seus membros principais - os alunos. Os comentários realizados no mesmo pressupõem leitores.
“Ser poeta é simples – só deixar a imaginação e a alma “falarem” através de palavras.”


Justificativa

A primeira Oficina de Poesia foi realizada no dia 20/03/2009 e justificou-se como uma oportunidade dos alunos conhecerem o Hino de Florianópolis- “Rancho de Amor à Ilha” já que previamente constatou-se que a maioria dos alunos do EJA são migrantes. O objetivo final desta oficina eram que os mesmos produzissem uma poesia onde o tema principal fosse a cidade.
A segunda Oficina de Poesias foi realizada no dia 22/05/09. Na oportunidade compareceram 22 alunos e também estagiárias de Pedagogia da Univalle-Biguaçu que observaram a aula. Como o EJA foca o desenvolvimento de pesquisas e muitos alunos pesquisavam problemáticas de cunho social então, nesta oficina, optou-se por semanticamente analisar críticas sociais através da música-Comida-Titãs. Ressalta-se aqui que geralmente as músicas estão estruturadas na forma de poesia.

As Poesias Produzidas[1]
“Quando eu sento na
Beira-Mar
Vejo o sol tocar
Na água
E faz
Um barulho
Assim:
Xiiiiiiiiiiaaaaaaa”

Édipo Felipe Sunção – Turma 01 Eja

Poema

Florianópolis uma terra
Linda, colorida e cheia de vida

Onde todos querem morar
Eu vivo aqui sem reclamar

Aqui tem várias praias,
Praia do Sonho, Jurerê
Canasvieiras, Palmas e etc.

Aqui eu moro
Aqui eu nasci
Aqui eu sou feliz !


Kenya Ramos- turma 01

Poesia

Florianópolis, cidade muito antiga
Por sua beleza, seria muito rica
Quando cheguei aqui, não acreditei
Belezas tão grande que eu me encantei
Cheguei e fiquei

E um serviço, eu arrumei
Nem se compara o tanto que chorei
Chorei por ter deixado tudo para trás
Agora quero é paz
Vida louca nunca mais

Uma namorada eu arrumei
Apaixonadamente logo eu fiquei
Uma família eu farei
E o meu sonho aqui, realizei
Assim eu termino expressando minha dor.
Que o tempo se transformou em amor!

Ricardo Batista- turma 01


Minhas Rimas

Tenho sede de Amar e ser Amada
Tenho medo de errar e de estar sempre errada,

Eu tenho fome de Amar e ser Amada
Tenho medo de Amar e ser usada

Tenho mede de não entender
Não quero me arrepender

Vivo sonhando
Vivo chorando

Não quero mais sonhar
Não quero mais chorar
Tenho medo de acordar

Quero muito ter dinheiro
Só quero ser feliz por inteiro
Não quero ter dinheiro pela metade
Só quero a felicidade
Não encontro a saída
Só quero um prato de comida

Queria ser um pássaro
Para voar livremente

Encontrar o teu sorriso
E de toda gente

Terezinha Rozane Bianchin- turma 2


O direito a conquista

Eu tenho sede de lazer para todos
De um emprego melhor
E felicidade para o povo
O direito de saúde para todos

Eu tenho fome de justiça
Meu desejo é estar com minha família
E com eles dividir minhas conquistas
E com os amigos ter essa partilha

Se todos tivessem sonhos
O mundo na seria assim
Todos realizariam seus sonhos
E os desejos não teriam fim

Ivaldete dos Santos- turma 02

Minhas críticas

Eu tenho sede de justiça
Para o Brasil
Para que os nossos filhos
Tenham um futuro melhor

Você tem fome de que
Fome de criança
Que passa fome
No mundo inteiro

Quais suas necessidades
Minha necessidade de estar no mercado
De trabalho
Para que eu possa realizar minhas necessidades

Eliane-turma 02

A Insersão no Blog- os comentários realizados

Todas as poesias produzidas foram inseridas no blog do EJA continente e geraram diversos comentários. Eis alguns:.

Ola Meu nome e Maria Edclecia também sou aluna do eja coqueiros.turma 03Parabéns a todos pelas belas poesias,eu gostei muito.EU acredito muito na força de vontade deles as poesias estão bem boladas. Eu como aluna do EJA lamento por não ter estado presente neste dia gostaria muito de ter participado
1 de Junho de 2009 17:15
Anônimo disse...
Eu sou a Roseli, aluna da turma 3 que gostei da poesia da colega Maria do Socorro.
1 de Junho de 2009 17:16
Anônimo disse...
Eu sou aluno do eja de coqueiros eu não vim nesse dia . Gostei muito da primeira poesia, da colega Rosane.Meu nome é Sérgio, turma .
1 de Junho de 2009 17:18
Anônimo disse...
Sou aluno da turma 03 Andre da Silva, gostei muito da poesia da Rozane.
1 de Junho de 2009 17:26
Anônimo disse...
Meu nome é Janete estava naquele dia que tivemos a aula de poesia. Gostei de fazer a própria poesia.
1 de Junho de 2009 17:27
Anônimo disse...
Eu Maria Gerci turma 3 gostei da poesia do Fernando.

Objetivos

Posso citar um objetivo único e específico- o desenvolvimento de produção textual autônoma dos alunos. Além disso, o conhecimento do gênero textual poesia e suas finalidades. Porém, nesta prática didática específica aliou-se também a informática na educação visto que o Blog serviu como um meio de publicação das produções textuais dos alunos.

Metodologia/recursos

A metodologia realizada foi inicialmente fazer uma breve revisão dos elementos básicos geralmente presentes em uma poesia como rima, estrofe e verso. Posteriormente na primeira oficina ouve a leitura e também a entonação/ cantar conjunto do Hino de Florianópolis. Posteriormente incentivou-se cada aluno desenvolver sua própria poesia tendo a cidade como tema principal. Depois cada aluno fez a leitura individual de sua poesia como forma de compartilhar ao grupo sua produção textual.
Na segunda oficina a contextualização partiu-se da leitura individual e coletiva da música – “Comida-Titãs”, visto que há grupos que se preocupam com a temática da Desigualdade Social enquanto pesquisa desenvolvida na EJA.
Incentivou-se a leitura individual e coletiva da letra da música além, é claro, da escuta propriamente dita da melodia. Depois de discutir coletivamente os significados das estrofes da letra da música relacionando com a desigualdade social, com as reivindicações por arte, cultura, turismo. Etc. Posteriormente incentivou-se cada aluno a produzir sua própria poesia a partir do questionamento (que foi exposto no quadro).

E você, tem sede de que?
Tem fome de que ?

Por fim, tanto na primeira como na segunda oficina todos os alunos estavam cientes de que as poesias seriam transferidas para o Blog do EJA (www.ejacontinente.blogspot.com) . Cogitou-se a idéia dos próprios alunos digitarem as poesias e postarem no blog, porém como a demanda pelo laboratório de informática na Escola é muito grande optou-se, então por incentivar os alunos a visitarem o blog e postarem seus comentários de forma autônoma.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, MARIA ELIZABETH DE. ProInfo. “Informática e formação de professores”. Volume 2. Série de Estudos Educação a Distância. Ministério da Educação. Brasília:2000.

Décio, João. Poesia e Arte Poética em Herberto Helder e outros estudos. Edifurb. Blumenau: 2002.

[1] Não estão neste texto todas as poesias produzidas pelos alunos por questões de espaço e configuração do artigo.

sábado, 27 de junho de 2009

“Preconceito Lingüístico”

Trabalho com EJA – Educação de Jovens e Adultos em Florianópolis e a metodologia de ensino se baseia em pesquisa realizadas conforme interesse dos alunos.
Tenho um grupo de pesquisa do qual eu oriento mais “de perto” que a temática gira em torno da “Globalização”. Há uma aluna deste grupo que apesar da pesquisa estar em andamento “ainda” insiste em dizer “grobalização”.
Porém, mesmo como professora de Português não há como eu ensina-la a falar, visto que este ato é uma conquista inata do ser-humano enquanto aprendiz do seu meio social. O que eu posso fazer é monitorar sua escrita. Ela deve escrever corretamente- globalização.
Se insistir em dizer “grobalização”, infelizmente vai denunciar sua classe social e sua condição na sociedade. Talvez devesse ensinar a ela que falar de tal modo pode fazer dela vítima de preconceito lingüístico. Bem o que denuncia Marcos Bagno em seu livro “Preconceito Lingüístico”. E acredito que quem critica tal livro realmente nunca o leu.
Preconceito lingüístico é quando os falantes da língua acham estranho o modo diferenciado da fala dos seus iguais. Seja por questões sociais ou regionais ninguém fala do mesmo modo o português brasileiro. O país é imenso e somos brasileiros permeados por sotaques e trejeitos da fala de todo o tipo. Basta viajar um pouco ou mesmo observar as pessoas que vieram de outras regiões do país para observar que o “r”, o “s” ou qualquer outra letra é mais ou menos enfatizado na fala. O que mantém o português e o entendimento entre os falantes do português é a escrita. Esta sim deve ser correta e não enfatiza qualquer manifestação regional ou social da fala.
Pode parecer um paradoxo. Se a moça está na Escola porque não “fala direito”? É possível que se continuar a trocar o “l” pelo “r” seja “rejeitada” em algumas tarefas labutares. Etc. Porém, ela se dará conta de tal fato depois, talvez, de muita leitura e da compreensão que a sociedade está permeada por preconceito e intolerância. E isso sim é lastimável.


Referências Bibliográficas.:
Bagno, Marcos. A Língua de Eulália
Bagno, Marcos. Preconceito Lingüistico
Soares, Magda. Linguagem e Sociedade. Uma perspectiva social. Editora Ática. São Paulo:1989.