sábado, 27 de junho de 2009

“Preconceito Lingüístico”

Trabalho com EJA – Educação de Jovens e Adultos em Florianópolis e a metodologia de ensino se baseia em pesquisa realizadas conforme interesse dos alunos.
Tenho um grupo de pesquisa do qual eu oriento mais “de perto” que a temática gira em torno da “Globalização”. Há uma aluna deste grupo que apesar da pesquisa estar em andamento “ainda” insiste em dizer “grobalização”.
Porém, mesmo como professora de Português não há como eu ensina-la a falar, visto que este ato é uma conquista inata do ser-humano enquanto aprendiz do seu meio social. O que eu posso fazer é monitorar sua escrita. Ela deve escrever corretamente- globalização.
Se insistir em dizer “grobalização”, infelizmente vai denunciar sua classe social e sua condição na sociedade. Talvez devesse ensinar a ela que falar de tal modo pode fazer dela vítima de preconceito lingüístico. Bem o que denuncia Marcos Bagno em seu livro “Preconceito Lingüístico”. E acredito que quem critica tal livro realmente nunca o leu.
Preconceito lingüístico é quando os falantes da língua acham estranho o modo diferenciado da fala dos seus iguais. Seja por questões sociais ou regionais ninguém fala do mesmo modo o português brasileiro. O país é imenso e somos brasileiros permeados por sotaques e trejeitos da fala de todo o tipo. Basta viajar um pouco ou mesmo observar as pessoas que vieram de outras regiões do país para observar que o “r”, o “s” ou qualquer outra letra é mais ou menos enfatizado na fala. O que mantém o português e o entendimento entre os falantes do português é a escrita. Esta sim deve ser correta e não enfatiza qualquer manifestação regional ou social da fala.
Pode parecer um paradoxo. Se a moça está na Escola porque não “fala direito”? É possível que se continuar a trocar o “l” pelo “r” seja “rejeitada” em algumas tarefas labutares. Etc. Porém, ela se dará conta de tal fato depois, talvez, de muita leitura e da compreensão que a sociedade está permeada por preconceito e intolerância. E isso sim é lastimável.


Referências Bibliográficas.:
Bagno, Marcos. A Língua de Eulália
Bagno, Marcos. Preconceito Lingüistico
Soares, Magda. Linguagem e Sociedade. Uma perspectiva social. Editora Ática. São Paulo:1989.

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